domingo, 5 de setembro de 2010
Processo de elaboração do Projeto
Acredito de fato na importância de um processo de produção organizado a partir de um processo estruturado que nos permita, aos integrantes e principalmente aos produtores da ação vislumbrarem suas etapas, sua organização, seus processos de pré e pós-produção.
No entanto, como parágrafo introdutório, proponho uma reflexão sobre o discurso competente da área. Isso porque nos meios estatais e nos setores educacionais, a prática dos projetos é implementada por decreto. Isso acaba fazendo com que o processo da produção por projetos acabe se burocratizando e o projeto se tornando uma tarefa entre outras, dificultando a produção.
O projeto pode ser importante sim, mas não podemos abrir mão dos processos intuitivos que envolvem um processo de produção. Assim, tenho observado que muitos produtores culturais almejam a profissionalização, elaborando grandes projetos, deixando a desejar quanto a sua prática, a produção.
Portanto, acredito que para o projeto tornar-se uma ferramenta útil e bem aproveitada, há que contar com produtores que já tenham se envolvido em produções amadoras, em que possam ter exercitado sua intuição no processo de produção.
É certo que o Estado promove a racionalização técnica, visando dar autonomia aos produtores culturais ao mesmo tempo em que se livra do desenvolvimento desses projetos culturais, terceirizando-os ao espírito neoliberal, bem como fazendo marketing na disponibilização de recursos a produtores culturais.
Por isso que, cada vez mais, as estruturas de projetos já pressupõem a mensuração quantitativa dos resultados, caracterizando bem esse pragmatismo estatístico da mentalidade capitalista.
Enfim, meus esforços em relativizar a importância do projeto se justificam por nosso contexto, nossa realidade em Cruzeiro do Sul. Penso que antes de necessitarmos de recursos como um projeto de proporções profissionais, precisamos vivenciar práticas amadoras, que nos possibilitem experimentar a prática do teatro.
Cabe também discernir entre duas noções de projeto: o projeto como estruturação das idéias, como organização da produção em suas características/dimensões, e o projeto como é entendido no meio escolar, como possibilidade de tornar a teoria em prática, em vivência, em experiência.
No ambiente escolar, há algo muito difícil de discernir: porque certos professores se identificam com a prática de projetos, com a proposta de tirar a aula de sua moldura teórica e transforma-la em experiência, e outros professores não?
Concluo com essa questão, porquanto ela sintetiza os conflitos do estudante perdido entre as promessas democratizantes de uma educação construtivista e o cotidiano de pragmatismo quem mantém as estruturas de relação e poder intocáveis.
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